sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Trabalho: Inflação


CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA DE SANTO ANDRÉ
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
ECONOMIA
Ataíde Silva de Souza - 4200061314
Ingrid Mayara de Oliveira - 4200061012
Maria Luciana Silva Souza - 3724683488
Rafael Ticianelli Correia de Lima -3721674407
Sheilla Pereira - 4200061356
Thiago Souza - 4835890096
Vanessa Ramos da Silva – 4200061362
Yago Yamamoto Silva - 4234821861



Inflação
Profº Roberto Bittencourt










Santo André, setembro de 2012.
Inflação
Inflação é um processo pelo qual ocorre aumento generalizado nos preços dos bens e serviços, provocando perda do poder aquisitivo da moeda. Isso faz com que o dinheiro valha cada vez menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior dele para adquirir os mesmos produtos. Porém a inflação não pode ser confundida com altas esporádicas de preços, devidas a flutuações sazonais por exemplo. Esses aumentos devem também ser generalizados, com todos os bens participando dessa escalada altista.
As fontes de inflação costuma diferir em função das condições de cada país:
a)    Tipo de estrutura de mercado (oligopolista, concorrencial etc.), que condiciona a capacidade dos vários setores de repassar aumentos de custos aos preços dos produtos;
b)    Grau de abertura da economia ao comércio exterior: quanto mais aberta a economia à competição externa, maior a concorrência interna entre fabricantes, e menores os preços dos produtos;
c)    Estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salários acima dos índices de produtividade, e maior pressão sobre os preços.
O que causa a inflação
São vários os fatores que causam inflação. Um dos mais importantes é a (a) aproximação entre oferta e demanda agregada. Em outras palavras, quando o consumo interno de um país fica muito perto de sua capacidade produtiva, os empresários podem ter incentivo para aumentar os preços.
Outro processo muito comum é o (b) choque de oferta, que se dá quando algum imprevisto causa queda brusca no volume de produção de determinado bem. Trata-se de ocorrência relativamente comum no setor agrícola, pois, não raro, lavouras são afetadas por problemas climáticos. Contudo, tais declínios acentuados de produção tendem a ter efeito limitado sobre os índices gerais de preço, haja vista que o cálculo de sua variação dá-se sobre uma cesta muito grande de produtos.
Há outros fatores, não menos relevantes, que influenciam o comportamento da inflação. Um deles é (c) a variação cambial. Uma eventual elevação súbita da cotação do dólar ante o real, como a que se viu em 1999, tem como efeito automático o encarecimento dos chamados produtos ‘tradables’, isto é, aqueles comercializáveis tanto interna quanto externamente. é que esses bens e serviços, justamente por essa característica, são cotados na moeda americana.
Ainda no campo externo, um (d) fenômeno inflacionário que atinja diversos países tende a contaminar os preços domésticos. é o que se viu antes da crise financeira americana de 2008, quando as cotações das commodities agrícolas, minerais e energéticas subiam com vigor na esteira da pujante demanda internacional.
Por fim, (e) a inflação passada também pode alimentar reajustes de preços no presente. Este processo, que atualmente se dá em nível muito menor que o verificado no período de hiperinflação, é chamado de indexação. A boa notícia é que este efeito restringe-se hoje aos chamados preços administrados - aqueles regulados por contratos que determinam a recomposição da inflação passada por meio de um índice de preço. Este é o caso de muitos serviços públicos, cadernetas de poupança e aluguéis.
Para se ter um entendimento melhor sobre a questão inflacionário é importante saber distinguir a inflação provocada pelo excesso de demanda agregada (inflação de demanda) da inflação por elevação de custos (inflação de custos) e da inflação devida aos mecanismos de indexação de preços (inflação inercial).
Inflação de Demanda
É quando há excesso de demanda agregada em relação à produção disponível. As chances de a inflação da demanda acontecer aumentam quando a economia produz próximo do emprego de recursos.
Para a inflação de demanda ser combatida, é necessário que a política econômica se baseie em instrumentos que provoquem a redução da procura agregada.
Inflação de Custos
É associada à inflação de oferta. O nível da demanda permanece e os custos aumentam. Com o aumento dos custos ocorre uma retração da produção fazendo com que os preços de mercado também sofram aumento. As causas mais comuns da inflação de custos são: os aumentos salariais fazem com que o custo unitário de um bem ou serviço aumente; o aumento do custo de matéria-prima que provoca um super aumento nos custos da produção, fazendo com que o custo final do bem ou serviço aumente; e, por fim, a estrutura de mercado que algumas empresas aumentam seus lucros acima da elevação dos custos de produção.
Inflação Inercial
A inflação inercial é o processo automático de realimentação de preços, ou seja, a inflação corrente decorrente da inflação passada, perpetuando-se uma inércia ou memória inflacionária. Ela é provocada, fundamentalmente, pelos mecanismos de indexação formal (salários, alugueis, contratos financeiros) e indexação informal (preços em geral e impostos, preços e tarifas publicas).
Ou seja, os aumentos de preços passados são automaticamente repassados para todos os demais preços da economia, por meio dos mecanismos de correção monetária, cambial salarial, gerando um processo auto-realimentador da inflação.
A política econômica brasileira de combate à inflação
A inflação tornou-se crônica na economia brasileira, particularmente a partir dos anos 1950. Ao longo dessa década, o déficit do governo já era, para os economistas, umas das principais causas da inflação. Várias eram as explicações para o surgimento dos déficits governamentais. De um lado, a necessidade de o governo fornecer infra-estrutura, como transportes, energia e saneamento, para que o setor privado pudesse produzir o volume de bens e serviços desejados pela sociedade brasileira. De outro, a baixa produtividade dos serviços do governo e a consequente ineficiência na aplicação de seus recursos, associados à impossibilidade de o governo aumentar a carga tributária (e, portanto, sua receita), dado o baixo nível de renda per capita da população.
Assim, como o governo não podia aumentar os impostos para financiar o desenvolvimento econômico, optou pelas emissões de dinheiro. Com isso gerou-se uma típica inflação de demanda: quanto mais dinheiro circulava, maiores eram as compras, relativamente a uma capacidade produtiva que não tinha condições de crescer no curto prazo.
De 1964 a 1973, a inflação apresentou uma persistente tendência de queda. A política de combate à inflação caracterizou-se em uma primeira fase (1964-1966) por um tratamento de choque: houve uma rígida política monetária, fiscal e salarial que mudou o patamar da inflação de cerca de 100% em 1964, para perto de 30%, em 1967.
O período de 1968 a 1973 foi o do “milagre” econômico, com elevadas taxas de crescimento obtidas na economia brasileira. Com o crescimento da produção, a taxa de inflação passou de 25,4% em 1968, para 15,7% em 1973.
A partir de 1973, a crise internacional do petróleo trouxe repercussões profundas na economia mundial, e, desde essa data, a economia brasileira passou a apresentar taxas de inflação crescentes. Além dos choques do petróleo, outros fatores foram extremamente importantes para explicar a aceleração da taxa de inflação ao longo dos anos 1970 e meados dos anos 1980:
a) os elevados gastos públicos com programas de substituição de importações na área de energia, aço, bens de capital e minerais não ferrosos, ocorridos na gestão Geisel;
b) elevação da divida externa devido ao aumento tanto do principal (anos 1970) como das taxas de juros internacionais (inicio dos anos 1980).
Durante todo o período de 1964-1973, o diagnóstico para as causas da inflação brasileira utilizava a linha de pensamento econômico ortodoxo (hoje chamada de neoliberal), que atribuía ao excesso de demanda, associada ao desequilíbrio das contas publicas, a responsabilidade pelo processo inflacionário. O principal mecanismo de política econômica de combate à inflação para essa corrente estava na redução da demanda agregada, com a redução dos gastos do governo (e a consequente redução do tamanho do Estado), com uma política salarial restritiva e controle da oferta monetária.
A partir de março de 1986, com o governo da Nova República, mudou-se o diagnostico sobre a inflação brasileira e, consequentemente, as novas políticas de combate à inflação. Tratava-se então de um quadro de inflação inercial. Os pressupostos teóricos eram os de que a economia brasileira se encontrava altamente indexada, ou seja, todos os negócios, contratos etc. eram firmados com base num índice que procurava garantir a correção monetária dos valores envolvidos. Dessa forma, todos os aumentos de preços eram captados pelo índice e, automaticamente, repassados para todos os demais preções da economia, gerando um processo automático de realimentação da inflação.
Foi a partir desse diagnostico inercialista que o Plano Cruzado procurou romper com esse mecanismo de propagação de inflação, congelando os preços, os salários e o câmbio (a chamada política heterodoxa), numa tentativa de eliminar a “memória” inflacionária.
O Plano Cruzado teve vida efêmera. Muitas foram suas falhas, a começar pela manutenção do congelamento por um período muito longo (nove meses). Quando foi implantado, os preços relativos encontram-se fora do equilíbrio, e muitos preços estavam defasados, o que provocou o aparecimento do ágio e a maquiagem de muitos produtos. Por ocasião do descongelamento, no inicio de 1987, com o chamado Plano Cruzado II, houve nova aceleração inflacionária.
Outros planos, como o Plano Bresser e o Plano Verão, ainda durante o Governo Sarney, e mais tarde o Plano Collor, também utilizaram o congelamento de preços e salários para tentar conter o processo inflacionário.
O Plano Collor, de março de 1990, foi o mais ousado na pratica de inconstitucionalidades, ao promover um bloqueio total dos ativos mantidos pelos agentes econômicos nas instituições financeiras. O plano atacou a questão do déficit e os mecanismos de financiamento do setor publico; contudo, os demais fatores causadores do processo inflacionário – conflito distributivo e mecanismos de indexação – continuam a agir. As taxas de inflação pós-Plano continuaram elevadas e, ao final de 1990, tinha-se uma clara ideia de que o conjunto de medidas adotados havia sido incapaz de promover um efetivo processo de estabilização da economia.
Em 1994, no Governo Itamar Franco, tendo como Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, implementou-se o Plano Real. Esse, por sua vez, representou um avanço em relação aos planos anteriores, reconhecendo que as principais causas da inflação brasileira estavam no desequilíbrio do setor público e nos mecanismos de indexação.
Numa primeira etapa, procurou-se equilibrar o orçamento publico por meio da criação do IPMF (Imposto sobre Movimentação Financeira, posteriormente denominado CPMF – Contribuição sobre Movimentação Financeira), que incide sobre as transações bancarias, e do Fundo Social de Emergência, que desvinculou as receitas federais das  destinações para gastos específicos.
Numa segunda etapa, processou-se, de forma muito bem sucedida, a quase total desindexação da economia com a mudança da moeda: passagem do cruzado real para a URV (unidade Real de Valor) e dessa para a nova unidade monetária o real. A terceira etapa consistiu na consolidação do Plano, utilizando instrumentos econômicos como a âncora cambial e a âncora monetária.
A âncora cambial, consistiu na valorização da moeda nacional, ao lado de um registro de bandas cambiais (câmbio fixo), que procurou baratear o custo dos produtos importados. A âncora monetária baseou-se na elevação da taxa de juros e da taxa de reservas compulsórias dos bancos comerciais, com o objetivo de controlar a demanda agregada, que tinha aumentado substancialmente no período devido à melhoria do poder aquisitivo dos trabalhadores em geral, com a queda da inflação.
Esse modelo permaneceu até janeiro de 1999, quando, em decorrência da redução do fluxo financeiros de capitais para os países emergentes, iniciada com a crise do Sudeste Asiático em 1997 e exacerbada pela moratória da Rússia em 1998, o Brasil foi forçado a recorrer ao FMI e abandonar as âncoras anteriores, adotando desde então o câmbio flutuante e o regime de metas inflacionárias.
As metas inflacionárias passaram a ser a nova âncora monetária. As autoridades monetárias se comprometem a cumprir metas de inflação estabelecidas para o ano corrente e próximo, com Tolerância de um desvio de 2% para cima ou para baixo.
Para o cumprimento dessas metas, foi criado, em junho de 1999, o Comitê de Política Monetária (Copom), composto pelo presidente, diretores e chefes de departamento do Banco Central, que se reúne e fixa mensalmente a taxa de juros de compra e venda de títulos públicos (taxa Selic); uma taxa consistente com a meta fixada para o FMI.
O Copom também anuncia, nessas reuniões, um viés, ou seja, a tendência de inflação até a próxima reunião. Pode ser anunciado um viés de alta ou viés de baixa ou viés neutro (sem viés). Por exemplo se o Copom estabelecer um viés de baixa, isso significa que o presidente do Banco Central poderá reduzir a taxa Selic antes mesmo da próxima reunião do Comitê.

A corrente estruturalista
Nos anos de 1950 e 1960, embora a política adotada pelo governo utilizasse um diagnóstico monetarista da inflação de demanda, havia também a chamada corrente estruturalista ou cepalina, que suponha que a inflação em países em via de desenvolvimento é essencialmente causada por pressões de custos. Essas pressões de custos seriam derivadas de questões estruturais, tais como:
a)    estrutura agrícola, pela qual a oferta de alimentos não responde rapidamente aos estímulos de demanda e provoca elevações de preços;
b)    estrutura do comercio internacional, que eleva o déficit crônico no balanço de pagamentos dos países subdesenvolvidos e os obriga a políticas de desvalorização cambial, que provocam aumentos nos custos de produção;
c)    estrutura oligopólica dos mercados, que faz com que as empresas repassem todos os aumentos de custos aos preços dos produtos finais.
Assim, diferentemente dos monetaristas e neoliberais, os estruturalistas supõem que as causas da inflação se localizam no comportamento do setor privado (oligopólios, latifúndios) e não do setor publico. A formação ideológica desses economistas, com grande influencia socialista e marxista, tornou-os ferrenhos defensores de uma economia mais centralizada, baseada em planejamento e grande participação do Estado.
De forma mais genérica, os estruturalistas consideram que as causas da inflação devem-se aos conflitos distributivos, que se estabelecem na tentativa de os vários setores da sociedade buscarem manter ou elevar sua parcela na renda nacional: os empresários, por meio de preços que preservem suas margens de lucros; o governo, com impostos, preços e tarifas públicas; e os trabalhadores, com seus salários. Nessa disputa, os principais beneficiários são os grandes oligopólios e os maiores perdedores são os trabalhadores.
Como se percebe, o governo é normalmente preservado no diagnóstico estruturalista: os desequilíbrios do setor público seriam provocados pelos interesses dos grandes grupos econômicos (setor financeiro, latifundiário, oligopólios, capital estrangeiro).
Segundo essa corrente, o combate à inflação deve ser feito principalmente por meio de reformas estruturais (por exemplo, a reforma agrária) e pelo controle de preços dos setores oligopolizados.
Na realidade, o debate entre várias concorrentes de economistas em relação à inflação foi mais intenso antes do Plano Real, quando as taxas inflacionárias ainda eram elevadas. Com o sucesso da política antiinflacionária implantada por esse plano, que utilizou instrumentos tanto heterodoxos (reforma monetária) como tipicamente monetaristas (equilíbrio orçamentário, âncoras cambial e monetária, metas inflacionárias), a controvérsia sobre as causas da inflação praticamente cessou, e o foco atualmente tem se concentrado em outras questões, como crescimento econômico, emprego, distribuição de renda e vulnerabilidade externa.

Referências Bibliográficas
VASCONCELOS, Marco Antonio S.; GARCIA, Manuel Enriquez. Economia: Inflação. 2ª Edição. São Paulo-SP: Saraiva, 2009

O que é Inflação? – Disponível em:
http://www.brasilescola.com/economia/inflacao.htm. Acessado em 13 de setembro de 2012.

Inflação, Perguntas e Respostas – Disponível em: http://veja.abril.com.br/perguntas-respostas/inflacao.shtml. Acessado em 13 de setembro de 2012.

Conceitos sobre Inflação – Disponível em: http://www.gazetadeitauna.com.br/conceito_inflacao.htm. Acessado em 14 de setembro de 2012.

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